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Sala 03

Lasar Segall

(Vilna, Lituânia, 1889 - São Paulo, SP, 1957)
Homem com cartaz e cafezal, 1927
Doação de Mário Lasar Segall, por sugestão da Direção e do Departamento de Museologia do Museu Lasar Segall, 2013
Foto: Isabella Matheus

SALA 03
TERRITÓRIOS
DA ARTE

Transcrição

Você está na sala 3, chamada Territórios da Arte. Aqui olharemos para esta xilogravura feita pelo artista Lasar Segall, um dos modernistas mais importantes a produzirem no Brasil. Mas o que é uma xilogravura?

A xilogravura é uma técnica de impressão pela qual se reproduz uma mesma imagem diversas vezes. Para produzi-la, artistas gravam o desenho que desejam sobre uma superfície de madeira, usando uma ferramenta de metal. Depois, uma camada de tinta é distribuída sobre a madeira, que chamamos de matriz. E, por último, essa matriz é colocada sobre o papel, imprimindo o desenho sobre ele.

Essa sala é dedicada a trabalhos que discutem os usos e as definições de arte. “O que é arte?” e “para que ela serve?” são questões que instigam artistas e público há séculos. Por si só, a arte é uma forma de conhecer o mundo. Não precisa ter outra serventia. Mas, muitas vezes, artistas são levados a colaborar com outros profissionais, para empregarem seus trabalhos na produção de arquitetura, decoração, cenografia ou figurino, por exemplo. A xilogravura que estamos vendo demonstra um dos usos mais comuns para o desenho – a ilustração – neste caso, feita para ser publicada pela imprensa. Esta ilustração foi produzida para uma edição comemorativa do periódico carioca O Jornal, sobre o bicentenário do café no Brasil, em 1927. Aqui, vemos um homem que veste uma camiseta estampada com o fruto do café – de onde é extraída a bebida que tomamos. Ele está posicionado em frente a uma plantação de café que se organiza em linhas até o fundo da imagem – lá, onde é possível ver uma cidade. Dessa maneira, Segall enfatiza um discurso típico da época: a relação entre a agricultura e a modernização; o Brasil cafeeiro, que constrói e produz avanço. O homem leva um cartaz em que é possível ler um trecho dos versos escritos pelo poeta Manuel Bandeira, também especialmente para a edição especial d' O Jornal. O poema se refere aos pés de café como soldados, que vão marchando enfileirados pelo interior do país, expandindo cada vez mais o seu território. O poema também relaciona intimamente o café com São Paulo, seja por meio do mito dos bandeirantes, seja nas várias referências às posições republicanas do estado. É interessante notar a ambiguidade da figura, que é construída com linhas expressivas do talhe na madeira e que não sabemos se carrega o cartaz ou se está engolindo seus dizeres. Vamos escutar um trecho do poema:

Marcha soldado, Pé de café! Qual onda verde nada Batalhão é que é. Batalhão da república militarista. Itaperuna exceção republicana! Itaperuna pacífica das pequenas quatro mil oitocentas e seis pequenas propriedades registradas Com os seus oito milhões de arrobas. Terra de José de Lanes, Bandeirantes sem crimes na consciência. Itaperuna sem Rio das Mortes nem Mata da Traição. (Exceção republicana!) Vértice norte do triângulo Itaperuna. Araçatuba, Paranapanema, Onde estão acampanhados os batalhões de café. Marcha soldado, se não marchar direito O Brasil não fica em pé

Agora vamos olhar com ainda mais calma para a relação de São Paulo com o Café. Para isso, me acompanhe até o segundo andar da Pinacoteca, na sala 10, chamada São Paulo: Contemplação Suspensa.