
Bosset De Luze
(?, 1754 - ?, 1838)
Pombal (Colombier) Plantation de café d´une colonie neuchâteloise au Brésil, entre 1820 e 1838
Coleção Brasiliana/ Fundação Estudar. Doação da Fundação Estudar, 2007. Doação da Fundação Estudar, 2007
Foto: Isabella Matheus
NO ATELIÊ
Transcrição
Você está na sala 2, chamada No Ateliê. Aqui olharemos com cuidado para duas aquarelas que representam uma plantação de café no Brasil. Elas, provavelmente, foram produzidas por volta de 1835. Vejam como o local é descrito:
“A mata virgem que margeia a plantação é muito alta; as árvores, muito grandes, consequentemente não muito próximas umas das outras, de um verde escuro, os troncos geralmente retos, de cor cinza claro; o espaço entre cada tronco, muito escuro. Os pés de café plantados em fileiras são verde-escuros. Os pés de café são de um verde menos claro; suas copas, um marrom quase avermelhado; e as bananeiras, verde-claras; as
folhas novas, quase amarelas; e as velhas, pontilhadas de marrons. Os terrenos acinzentados mais ou menos amarelados conforme o declive, os caminhos ou declives acentuados em terrenos renascem de um amarelo ocre. Os terrenos recém-limpos são mais escuros e quase pretos nos primeiros seis meses. Os telhados das casas são bordô, em colmo e diferem um pouco dos outros em cinza claro brilhando ao sol. As paredes são amarelas ou cinza dependendo da areia. A plantação de mandioca é verde azulada e límpida. Vista de longe parece formar pequenos arbustos.”
Esse texto que você acabou de ouvir é parte das inscrições em francês que acompanham o esboço mais abaixo.
O texto descreve a paisagem da ocupação suíça de Neufchatel, no sul da Bahia, onde se instalou a Colônia Leopoldina, próximo à cidade de Porto Seguro. Lá vemos que se plantava café, mandioca e banana. Esses são dois dos registros mais antigos de uma plantação de café no Acervo da Pinacoteca.
É interessante notar o empenho do autor em registrar a paisagem em seus mínimos detalhes. Posteriormente, esse desenho foi enviado à Suíça, onde, em seu ateliê, o artista Bosset de Luze produziu a pintura final, que está acima.
Ainda há dúvidas se Bosset de Luze algum dia tenha estado no Brasil. Em um tempo em que não havia fotografia, é possível que ele tenha produzido a pintura final apenas a partir do esboço abaixo, feito por outro artista ou até mesmo por um amador bastante meticuloso. Esse fato deixa mais interessante percebermos tanto uma quanto a outra pintura como formas de trabalho, métodos que artistas dessa época usavam para registrar aquilo que viam.
A sala em que estamos foi organizada para mostrar a pluralidade desses métodos de trabalho inventados e usados ao longo do tempo. O que vemos aqui são exemplos de procedimentos e fazeres que levam à elaboração da arte. Como, por exemplo, a observação – seja da paisagem, seja de modelos –, a cópia, o projeto, a maquete, a forma para fundir escultura ou a matriz para imprimir gravuras.
Agora, vamos para a sala 3, explorar outras perspectivas a partir do cafezal.