
Denilson Baniwa
(Barcelos, AM, 1984)
Re-antropofagia, 2018
Comodato do artista
Foto: Isabella Matheus
VIOLÊNCIA E
RESISTÊNCIA
Transcrição
Você está na sala 17, que se chama Violência e Resistência. O retrato de Mário de Andrade que estamos vendo foi feito por Denilson Baniwa, um dos primeiros artistas indígenas a integrar o acervo da Pinacoteca.
A pintura mostra a cabeça do poeta servida numa bandeja de palha. Não à toa: Mário de Andrade foi expoente do chamado Movimento Antropofágico – que usava elementos da cultura brasileira para “temperar” o estilo das vanguardas europeias e, então, “devorá-lo” como inspiração, dando à luz criações artísticas potentes e provocativas.
Além de um exemplar de Macunaíma, romance publicado pelo autor em 1928, acompanham na bandeja produtos nativos da terra que hoje chamamos de Brasil. A gente pode identificar mandioca, urucum, pimenta e milho de várias cores.
Na obra do poeta paulistano, café e modernidade são temas constantes. Um de seus trechos mais famosos faz parte da coleção de poemas intitulada Paulicéia Desvairada, em que o autor cria uma imagem de cidade moderna, onde o café é protagonista. Vamos ouvir:
Os caminhões rodando, as carroças rodando,
Rápidas as ruas se desenrolando,
Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos.
E o largo coro de ouro das sacas de café!
A pintura de Denilson Baniwa mostra o outro lado dessa modernidade que foi consagrada no século 20 e, que hoje em dia, precisa ser considerada à luz dos direitos das pessoas indígenas, sua representatividade e seu protagonismo. Em Macunaíma, Mário de Andrade constrói uma narrativa, apropriando-se de um mito Macuxi, povo que vive na região de Roraima.
Denilson Baniwa propõe um novo olhar sobre esse processo de apropriação, agora contada por uma pessoa indígena.
Ao longo do tempo, a arte foi usada de vários modos para denunciar e evidenciar violências, mas também para imaginar e articular a resistência. Num percurso como este, podemos ver formas diversas de pensar e retratar o café – a partir dessa diversidade podemos desvendar mais dessa essa bebida tão cotidiana, compreendendo suas complexidades.
Refletir sobre café pode ser uma experiência tão saborosa quanto degustá-lo. Tenho certeza de que nenhum gole será mais o mesmo depois desse nosso mergulho. Bons cafés!
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